NESTA EDIÇÃO:
* A necessidade de apoio às PMEs na jornada da LGPD, porMarcos Nassuti
* Cultura Organizacional: ética, propósito e o papel dos conselhospor Karina Izzo
*Relatório Focus é termômetro para o Banco Central, por Marcelo Fonseca
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Um clipping sobre as iniciativas da ACBrasil e temas relevantes para a governança corporativa
Os principais desafios na adequação das pequenas e médias empresas à LGPD
As pequenas e médias empresas (PME) enfrentam dificuldades na adequação à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) por falta de conhecimento, cultura de governança e segurança da informação. Muitas ainda acreditam que a lei não se aplica a elas, o que é um erro. Um artigo publicado recentemente destaca que 77% dos pequenos negócios não adotaram nenhuma medida concreta de adequação, mesmo quase cinco anos após a entrada em vigor da lei. Além disso, 52% dos empresários não conseguem mensurar o impacto de incidentes cibernéticos e demonstram baixa familiaridade com o tratamento de dados sensíveis. Leia mais em:
Opinião
A necessidade de apoio às PMEs na jornada da LGPD
Marcos Nassutti,head do Comitê de Riscos da ACBrasil
https://www.linkedin.com/in/marcosnassutti/
O artigo trouxe à tona uma realidade que deveria soar como um alarme para todo o ecossistema empresarial brasileiro: a adequação das pequenas e médias empresas (PMEs) à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) ainda está aquém do necessário. E isso, quase cinco anos após a entrada em vigor da legislação.
Os números apresentados pela pesquisa do Sebrae são, preocupantes. Embora 80% dos empreendedores afirmem já ter ouvido falar da LGPD, apenas 4% dizem conhecê-la em profundidade. Mais grave ainda: 77% dos pequenos negócios não adotaram nenhuma medida concreta de adequação. Estes dados não representam apenas estatísticas frias – eles revelam milhões de empresas operando em uma zona de risco legal e reputacional que pode comprometer sua própria sobrevivência.

Os desafios são reais, mas não intransponíveis
Os obstáculos enfrentados pelas PMEs vão muito além da “simples falta de orçamento”. A questão é estrutural e cultural. Quando 52% dos empresários não conseguem mensurar o impacto de incidentes cibernéticos, estamos diante de um problema de educação digital que transcende a LGPD.
Os principais desafios identificados formam um ciclo vicioso preocupante:
- A cultura de governança inexistente: A maioria das PMEs ainda opera com uma mentalidade de “apagar incêndios”, sem processos estruturados de gestão de dados. A proteção de dados não é vista como investimento estratégico, mas como custo desnecessário.
- O desconhecimento técnico-jurídico: A LGPD não é uma lei simples. Seus 65 artigos trazem conceitos complexos que exigem conhecimento especializado. Para um pequeno empresário que já lida com dezenas de outras obrigações, compreender termos como “controlador”, “operador” e “encarregado” pode parecer uma tarefa hercúlea.
- A percepção equivocada de isenção: Talvez o mais perigoso dos equívocos seja a crença de que a LGPD “não se aplica a empresas pequenas”. Esta percepção, além de juridicamente incorreta, cria uma falsa sensação de segurança que pode custar caro. A lei não faz distinção de porte – se você trata dados pessoais, está sujeito às suas regras.
- A ausência de priorização estratégica: Em um cenário de recursos limitados, a adequação à LGPD frequentemente fica para “depois”. O problema é que “depois” pode ser tarde demais, especialmente considerando que as multas podem chegar a R$ 50 milhões por infração.
Iniciativas Governamentais
É preciso reconhecer que a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) demonstrou sensibilidade ao criar um modelo regulatório específico para microempresas e empresas de pequeno porte. O Relatório de Análise de Impacto Regulatório, publicado em 2021, representa um marco importante: o reconhecimento oficial de que as PMEs enfrentam desafios únicos e merecem tratamento diferenciado.
Esta iniciativa da ANPD não é apenas bem-vinda – é essencial. Ao desenvolver regras e obrigações diferenciadas para PMEs, a autoridade demonstra compreender que a aplicação uniforme da lei pode ser contraproducente, criando barreiras desproporcionais para empresas que são a espinha dorsal da economia brasileira.
No entanto, é importante questionar: por que essa iniciativa demorou tanto para sair do papel? E, mais importante, como garantir que as regras diferenciadas não se tornem apenas mais uma camada de burocracia?
Parcerias público-privadas: oexemplo da Proteste e Google
Uma iniciativa que merece destaque especial é a parceria entre a Proteste e o Google Brasil, que resultou no projeto “LGPD para PMEs”. Lançada em 2020, esta colaboração oferece recursos práticos e acessíveis: um site informativo, teste de adequação, jogo interativo e cartilha de orientação.
O que torna esta iniciativa particularmente valiosa é sua abordagem pragmática. Em vez de apenas explicar a lei, ela oferece ferramentas concretas para que os empresários possam avaliar seu nível de adequação e receber orientações personalizadas. O “Teste de Aplicação” é especialmente útil, pois traduz conceitos complexos em perguntas práticas que qualquer empresário pode responder.
Esta parceria demonstra como a colaboração entre organizações de defesa do consumidor e empresas de tecnologia pode gerar soluções efetivas. É um modelo que deveria ser replicado e expandido, envolvendo outras entidades como Sebrae, federações empresariais e universidades.

O preço da inação
É importante que os empresários compreendam que a adequação à LGPD não é apenas uma questão de compliance – é uma questão que pode ser transformar e impactar a sobrevivência empresarial. Hoje a confiança dos consumidores em relação ao tratamento de seus dados pessoais tornou-se um diferencial competitivo.
Os dados da Serasa Experian são eloquentes: 48% dos brasileiros já desistiram de uma compra online por falta de confiança no site ou aplicativo, e 37% das desistências são motivadas pelo receio de vazamento de informações. Isso significa que empresas não adequadas à LGPD não estão apenas correndo risco de multa – estão perdendo clientes.
Um caminho possível
A situação das PMEs em relação à LGPD é grave, mas não é irreversível. O que precisamos é de uma abordagem coordenada que combine:
- Educação massiva: Campanhas de conscientização que vão além de explicar a lei e mostrem, na prática, como implementar a proteção de dados no dia a dia empresarial.
- Ferramentas acessíveis: Mais iniciativas como a da Proteste-Google, que ofereçam recursos práticos e de baixo custo para PMEs.
- Incentivos governamentais: Linhas de crédito específicas, benefícios fiscais ou programas de capacitação subsidiados para empresas que investirem em adequação à LGPD.
- Simplificação regulatória: A ANPD precisa acelerar a publicação das regras diferenciadas para PMEs, garantindo que sejam realmente mais simples e não apenas diferentes.
Conclusão: o tempo é agora
O artigo chama a atenção para algo que deve ser visto como “um processo contínuo e estratégico, essencial para a sustentabilidade e a confiança no negócio”. Mas é preciso ir além: é urgente que todos os atores – governo, entidades empresariais, consultorias e as próprias PMEs – reconheçam que estamos diante de uma emergência.
Os 4% de PMEs adequadas à LGPD não são apenas uma estatística – são um reflexo de um sistema que falhou em preparar adequadamente o setor produtivo para uma das mais importantes transformações regulatórias das últimas décadas.
É hora de agir. As iniciativas da ANPD e parcerias como a da Proteste-Google mostram que o caminho existe. Agora precisamos de vontade política, recursos adequados e, principalmente, do reconhecimento de que proteger dados pessoais não é um luxo para grandes corporações – é uma necessidade básica para qualquer empresa.
O futuro das PMEs brasileiras pode depender de quão rapidamente conseguiremos transformar esses 4% em um número muito mais expressivo. E o tempo para começar é agora.
Obtenha mais informações
No episódio especial do ACBrasil Cast disponível em https://www.youtube.com/watch?v=JNtPs33Mf_Q-Antonio Almeida (https://www.linkedin.com/in/antonio-almeida-s-junior-a99618/) – Melford Vaughn (https://www.linkedin.com/in/melford-adv-consultor/) e Marcos Nassutti(https://www.linkedin.com/in/marcosnassutti/) realizaram um bate-papo imperdível sobre a Lei Geral de Proteção de Dados.
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As opiniões dos articulistas não refletem, necessariamente,
a posição da ACBrasil a respeito dos temas abordados.
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Cultura & Pessoas
Cultura Organizacional: ética, propósito e o papel dos conselhos
Por que falar de Cultura Organizacional é tão urgente hoje?
Por Karina Pincelli Izzo – Head do Comitê de Cultura e Pessoas da ACBrasil
linkedin.com/in/karinapincelliizzo
Na palestra de Márcia Lourenço, mestra em Cultura Organizacional, surgiu uma reflexão poderosa: como valores morais e éticos influenciam o dia a dia das empresas e, principalmente, a atuação de seus conselhos?
Uma provocaçãofoi lançada em meio à explanação sobre o tema:
“Cultura organizacional é o que aspessoas conversam no cafezinho”.
Mais do que um conceito, cultura é prática viva. É o que une propósito, ética e comportamento em cada decisão, cada interação e cada relação dentro da organização.
Ética: a base de tudo
A palavra ética vem do grego ethos (modo de ser, caráter), com correspondência ao latim mores (costumes).
Ela é a bússola que garante igualdade de chances e respeito à dignidade humana.
Ética não é moralismo, mas sim a capacidade de escolher com responsabilidade. No ambiente de trabalho, a ética se manifesta no respeito, na convivência com a diversidade e na construção de confiança, atitudes que impactamdiretamente a cultura organizacional. Tornando acultura maisdo que um discurso e sim , o jeito coletivo de pensar e agir das pessoas que formam uma empresa ,uma cidade , um país e assimpor diante . É o que molda talentos e orienta comportamentos, na formade umaliderança inspiradora , através deexemplos .
É o “espírito do negócio”, como define Simon Sinek:“100% dos clientes são pessoas.100% dos funcionários são pessoas.Se você não entende de pessoas, você não entende de negócios.”
Algumas reflexõespráticas nos ajudam a entendermelhor sobre o impacto da culturanas pessoas.Perguntas como: “qual foi o melhor lugar em que você já trabalhou? O que o tornou especial?” revelam os pilares invisíveis que sustentam a cultura de uma organização.
Conselhos Consultivos e o impacto da Cultura
Um conselho consultivo não é apenas estratégico: ele é também guardião da ética, da cultura e do propósito da organização.
✔ Ética: garante decisões justas, transparentes e responsáveis.
✔ Cultura: entende, respeita e influencia positivamente o “jeito de ser” da empresa.
✔ Propósito: mantém a organização alinhada à sua razão de existir, além do lucro.
Conselhos atentos a esses pilares não olham apenas para resultados imediatos, mas também para o impacto na sociedade, no meio ambiente e nas futuras gerações.
Concluindo, a cultura organizacional é a maneira de ser de uma empresa.
E o conselho tem a missão de fortalecer essa identidade, criando sinergia entre ética, propósito e práticas do dia a dia.
A grande questão que fica é:
Sobre o que a sua empresa anda conversando na sala do cafezinho?
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A maioria das vagas de conselheiros é preenchida através de networking.
Na ACBrasil você pode criar e fortalecer contatos e parcerias.
Fale com a gente: contato@acbrasil.org.br
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Economia & Negócios
Marcelo Fonseca, associado da ACBrasil
Relatório FOCUS é termômetro para o Banco Central
Semanalmente o Banco Central (BC) divulga o Relatório Focus[1] com dados coletados de participantes de mercado (gestores de recursos, consultorias econômicas, instituições financeiras) contendo projeções para diversas variáveis econômicas, dentre elas: IPCA, taxa de câmbio, SELIC, PIB. A visão dos agentes de mercado, mais do que mero exercício de “futurologia”, serve como importante elemento para as ações futuras da autoridade monetária, sobretudo no que toca às chamadas expectativas de inflação. A relação entre as expectativas de inflação contidas no relatório na previsão da evolução do IPCA (índice utilizado pelo BC para atingir a meta de inflação) é fundamental na condução da política monetária uma vez que a calibragem da taxa básica de juros (taxa SELIC) dependerá da capacidade do BC em coordenar as expectativas de inflação, sendo essa coordenação um dos pilares do sistema de metas.
O BC vem elevando a taxa SELIC reunião após reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) até que a estabilizou em 15% desde o encontro de 18 de junho de 2025. Uma das justificativas para um patamar tal alto é a desancoragem das expectativas de inflação medida, também, através do Relatório Focus. Expectativas são relevantes porque refletem o que os agentes econômicos acreditam que ocorrerá no futuro, impactando a formação de preços das empresas e os salários. Ancorar as expectativas é fundamental para que o BC possa iniciar o ciclo de queda da taxa SELIC.
Ser avesso à inflação também ajuda
Um banco central com credibilidade, que demonstra que não tolerará índices de inflação acima da meta, tem a tarefa de ancorar as expectativas facilitada, reduz os custos de desinflação, como também dos prêmios de risco exigidos por investidores. Neste cenário, os agentes econômicos sabem que aumentos de preços serão combatidos com taxas de juros altas o suficiente para desinflar os preços. Por outro lado, caso a autoridade monetária sinalize leniência com a inflação todos os benefícios mencionados acima se revertem, prejudicando a economia e a sociedade.
Aqui cabe refletir sobre as críticas que o ex-presidente do BC Roberto Campos recebia do presidente da república. As críticas, na verdade, serviam para pressionar o BC a reduzir as taxas de juros de forma artificial. Apesar do BC ser independente a pressão exercida fez com que a autoridade monetária tivesse que demonstrar sua aversão a inflação elevando os juros a patamares altamente restritivos, aumentado os custos de desinflação. A pressão exercida foi um desserviço para o país.
A substituição de Campos Neto por Gabriel Galípolo só piorou este quadro, na medida que Galípolo foi indicado pelo próprio presidente da república. Galípolo não só manteve os juros onde os encontrou, como sancionou junto com os demais membros do COPOM aumentos da SELIC, afinal de contas todos sabem que o novo presidente necessitava sinalizar ao mercado que também é avesso a inflação e que não sucumbiria às pressões políticas. Em parte, a elevação da Selic, já sob a gestão de Galípolo, está associada ao processo de pressão política advinda do Palácio do Planalto.
“Cá e lámás fadas há”
Temos acompanhado os arroubos protecionistas emanados dos Estados Unidos. Neste quesito podemos nos orgulhar de sermos exemplo para o presidente Trump, pois somos uma economia fechada e que protege em excesso as empresas aqui estabelecidas através de tarifas, barreiras não tarifárias e políticas de conteúdo local. Não satisfeito em se inspirar em nossa política comercial agora o presidente norte-americano ataca o presidente do Federal Reserve (banco central daquele país) e tenta demitir uma diretora da instituição. Tudo para baixar os juros “na marra “. Qualquer tentativa de enfraquecer a independência da autoridade monetária trará efeitos adversos para a economia, com impacto sobre a geração de renda e emprego.
Tanto lá como cá os efeitos desta interferência serão negativos. Um verdadeiro tiro no pé.
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Vagas em Conselhos
Contatos estabelecidos pelos comitês da ACBrasil com PMEs estão gerando os primeiros resultados – vagas em Conselhos Consultivos. Para quem ainda não é associado, fica a dica: una-se à ACBrasil e pratique a governança nas vagas oferecidas por seus parceiros.
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Lutos corporativos
Ainda um tabu, o luto é um processonatural, desencadeado pelo rompimento de um vínculo. Ao longo davida, todos experimentamos algumasdezenas de perdas, umas menores, outras
maiores, nem todas ligadas à morte. O lutopode ser ocasionado por mudança de cidade ou país, divórcio, doença, aborto, além,lógico, pela perda de entes queridos.Para que o mundo corporativo não sejaresponsável por potencializar o mal-estare desencadear processos de adoecimento,como a depressão e o burnout, é precisohumanizar o ambiente. Em Lutos corporativos, Mariana Clarkapresenta possibilidades de acolhimentoque vão além dos discursos motivacionais.
https://loja.infinitepay.io/acb-517/djy3949-livro-acb
Lutos corporativos, de Mariana Clark. Intrínseca, 2025,144 páginas.
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Datas
15 de setembro – Dia do Cliente
A celebração surgiu na década de 1960, nos Estados Unidos, a partir da ideia de criar um dia dedicado a conscientizar os consumidores sobre seus direitos e a importância de exigir produtos e serviços de qualidade. Essa data ganhou popularidade em outros países, incluindo o Brasil. O Dia do Cliente é uma data comemorativa criada aqui no Brasil, nos anos 2000, a partir da ideia de criar um dia para homenagear os clientes e estreitar os laços entre as empresas e seus consumidores.
22 de setembro – Dia do Contador
A data foi escolhida em 1945, quando o presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto-Lei nº 7.988, que criou o primeiro curso superior de Ciências Contábeis no país, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Trata-se de uma homenagem à contribuição dos contadores para a saúde financeira de empresas e indivíduos, além do seu papel no desenvolvimento econômico e financeiro do país.
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ACBrasil
Pela integridade na governança
A Associação de Conselheiros do Brasil (ACBrasil) tem por finalidade promover, fortalecer, congregar e representar profissionais que atuam como conselheiros em organizações públicas e privadas, com e sem fins lucrativos, tendo como meta implantar princípios e práticas de Governança Corporativa, em prol do desenvolvimento sustentável, considerando os negócios como catalisadores das mudanças necessárias e gerando impacto positivo sobre a sociedade.
[1]Para receber o relatório acesse https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/relatoriofocus


