NESTA EDIÇÃO:
* Fusões e aquisições: alternativa estratégica para Pequenas e Médias Empresas
* Cultura & Pessoas: Liderança, conversas difíceis e o papel da Governança no cuidado organizacional
* Economia &Negócios: Para onde vai a taxa de câmbio?
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Olá! Esta é a suanewsletterda ACBrasil
Um clipping sobre as iniciativas da ACBrasil e temas relevantes para a governança corporativa
Fusões e aquisições: alternativa estratégica
para Pequenas e Médias Empresas
Com uma média de 1.400 transações por ano, cerca de quatro por dia, o Brasil mantém um patamar elevado de atividade no mercado de fusões e aquisições (MergersandAcquisitions, em inglês). A maioria dessas operações, no entanto, não estampa manchetes de jornais, justamente por serem transações de médio porte, realizadas por PMEs que buscam expansão, reestruturação ou sucessão. A relevância das fusões e aquisições é alvo de um artigo recente, publicado em site especializado, que pode ser acessado aqui:
Opinião
Como considerar operações de Fusões e Aquisições na estratégia de desenvolvimento de PMEs
George Bonfim, do Comitê de Empresas Familiares
Introdução
Nos últimos anos, o mercado brasileiro vem demonstrando maior maturidade no ambiente de investimentos, impulsionado pelo crescimento das operações de fusões e aquisições (MergersandAcquisitions ou M&A). Antes restrito a empresas maiores e mais estruturadas, esse mercado passou a abranger também empresas menores, em rápido crescimento, incluindo startups financiadas por fundos de venture capital.
Esse cenário é particularmente promissor para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), que podem encontrar no M&A uma via concreta para o seu desenvolvimento. No entanto, para se beneficiarem plenamente dessas oportunidades, é recomendável que as PMEs invistam em estrutura organizacional, controles e práticas de governança que as preparem para a entrada de novos acionistas. Além de facilitar a integração de sócios, essas medidas consolidam processos e transparência, atributos indispensáveis em negócios com múltiplos proprietários.
De acordo com levantamento realizado pela consultoria Kroll, a primeira metade de 2025 registrou 633 transações de M&A no Brasil, com destaque para os setores de tecnologia, serviços financeiros, alimentos e bebidas, energia e serviços gerais, números considerando bastante relevantes para o segmento. Esse contexto reforça a importância de as PMEs se profissionalizarem para atrair capital qualificado, especialmente quando organizadas em três pilares estratégicos: governança corporativa aplicada, conselho consultivo ativo e processos e compliance robustos.
1) Governança corporativa aplicada
Para PMEs, podemos considerar como “governança aplicada” o estabelecimento de uma rotina decisória previsível (com a criação de órgãos e estruturas adequadas), qualidade da informação recebida e processada (com registros claros e atualizados dos números do negócio e estabelecimento de índices e metas de crescimento) e registros auditáveis (permitindo assim a sua análise, ajustes e adequações em face de inconsistências).
A adoção de políticas mínimas, como a criação de uma estrutura de alçadas, transações com partes relacionadas e gestão de riscos representam iniciativas relevantes que reduzem a assimetria nas informações disponibilizadas pela PME, fornecem (e por vezes aprimoram) a avaliação do próprio negócio, e reduzem de modo significativo as discussões envolvendo cláusulas de ajustes de preço ou outros termos condicionantes em contratos de investimentos (disposições de retenção de valores/escrow, earn-outs agressivos, etc).
2) Conselho consultivo como ponte de profissionalização
Em empresas limitadas ou sociedades anônimas fechadas, o conselho consultivo representa uma ferramenta poderosa de profissionalização e mudança de cultura dos empreendedores que então desempenhavam as funções tanto de sócios quanto de administradores da operação.
Um conselho constituído nesses termos oferece orientações, disciplina estratégica, diversidade de repertório e direcionamento adequado para fornecer todas as alternativas e informações que permitam uma tomada de decisões fundamentada, especialmente quando o órgão possui membros independentes e/ou com experiência comprovada no mercado. Sua adoção inclusive pode servir como etapa de maturação para o desenvolvimento, já em um contexto de M&A, da criação de um conselho de administração formal, que conta com funções deliberativas e inclusive define as diretrizes do negócio, a ser implementada por seus administradores. Tal estrutura constituída inclusive é vista como um diferencial no momento de escolha de investidores para alocação de capital.
3) Processos e compliance – integridade e “seguro” para o investimento
O estabelecimento de processos e práticas de compliance internos, alinhado com as matrizes de governança definidas para a operação, reduzem de modo significativo as incertezas relacionadas à empresa, sobretudo aquelas de natureza jurídica, mitigando contingências e oferecendo bases sólidas para a definição do valor da empresa e, consequentemente, da operação de M&A. Mais do que apenas prevenir, o estabelecimento de processos adequados para endereçar problemas (canais de denúncia, políticas e códigos de ética e compliance, etc), demonstram o grau de preparo da empresa que busca investimentos no mercado.
Efeitos práticos da implementação dessas medidas no contexto de M&A
Com o desenvolvimento e implementação dos pilares acima em uma organização, os efeitos práticos em uma operação de M&A podem ser sensivelmente percebidos, tais como:
(i) Redução de incertezas identificadas na duediligence prévia ao negócio, além de validação dos processos adequados implementados;
(ii) Menores exigências contratuais para a prestação de garantias, cumprimento de condições suspensivas ou mesmo de retenção de valores que já poderiam ser destinados à empresa e/ou a seus sócios;
(iii) Demonstração de maturidade empresarial da empresa para participar de uma operação de M&A, ainda que ela seja considerada como uma PME; e
(iv) Agilidade no prazo da operação, reduzindo de modo significativo o tempo de negociação que pode ultrapassar um ano em certas ocasiões.
Conclusão
Operações de M&A deixaram de ser exclusivas de grandes corporações e tornaram-se uma alavanca real de crescimento para PMEs. Para maximizar valor e reduzir fricções na negociação, a preparação deve começar antes da abordagem por investidores: (a) governança aplicada, com ritos decisórios previsíveis, políticas mínimas e informação gerencial confiável; (b) conselho consultivo ativo, que traga diversidade de repertório, independência e disciplina estratégica; e (c) processos e compliance robustos instituídos, com gestão de riscos, controles e evidências documentais auditáveis.
Quando esses pilares estão presentes, a empresa amplia o universo de compradores, reduz condicionantes (retenções, earn-outs e condições suspensivas), encurta o cronograma e protege o seu valuation, transformando o seu negócio e tornando o processo, disciplina e evidência em uma clara intenção de investimento e um M&A bem sucedido.
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As opiniões dos articulistas não refletem, necessariamente,
a posição da ACBrasil a respeito dos temas abordados.
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Cultura & Pessoas
Liderança, conversas difíceis e o papel da Governança no cuidado organizacional
O trabalho exige potência. Ao longo da vida, todos nós enfrentamos perdas, separações, demissões, amizades desfeitas, mudanças de cidade, de país ou de emprego. Cada uma dessas transições traz impactos emocionais e, inevitavelmente, influencia a forma como nos relacionamos e trabalhamos.
Mas como lidamos com essas mudanças no ambiente corporativo? E, mais importante, como líderes e organizações podem criar espaços para que as dores e desafios humanos sejam tratados de forma saudável?
O desafio das conversas difíceis
No mundo do trabalho, inevitavelmente nos deparamos com conversas difíceis: comunicar uma demissão, discutir conflitos internos ou pontuar comportamentos inadequados e muitas vezes, fugimos delas. Para entender por que isso acontece, é importante revisitar o sentido da palavra diálogo(segundo a pesquisa realizada pelapsicóloga Mariana Clark): “diá” significa “através de” e “logos” significa “conhecimento”. Dialogar é permitir que o conhecimento do outro me atravesse. Quando julgamos de forma imediata, encerramos essa possibilidade. A empatia, o afeto e a escuta ativa são recursos fundamentais para que o diálogo seja genuíno. Surge, então, uma reflexão:
O afeto é que nos permite ter conversas difíceis, ou é o diálogo que gera afeto?
A importância da intencionalidade e do cuidado
Dentro das organizações, é preciso cultivar a intencionalidade na comunicação: cuidar da forma como falamos, do espaço que damos para o outro e do impacto que nossas palavras têm. Liderar não significa ter todas as respostas, mas sim criar condições para que temas sensíveis possam ser tratados com respeito e segurança.Muitas vezes, líderes evitam conversas importantes, deixando que situações se acumulem até o ponto de ruptura. Porém, o cuidado não é incompatível com resultados, pelo contrário, ele caminha junto. Um ambiente de confiança e diálogo favorece a performance e a inovação, pois as pessoas não precisam esconder suas dores para entregar seu melhor.
O papel da governança na liderança em conversas difíceis
A boa governança organizacional estabelece princípios e processos que orientam comportamentos, decisões e relacionamentos dentro da empresa.
No contexto de conversas difíceis, a governança oferece:
1. Clareza de valores e políticas – quando a organização deixa explícito como lida com temas como desligamentos, feedbacks e saúde mental, líderes têm um guia para agir de forma coerente.
2. Padrões éticos e de conduta – definem limites claros para evitar abusos, discriminações e injustiças.
3. Ambientes seguros para diálogo – canais formais e informais para que questões sensíveis possam ser tratadas sem medo de retaliação.
4. Capacitação e suporte às lideranças – treinamentos e apoio de áreas como RH, compliance e jurídico para lidar com temas delicados.
Uma governança bem estruturada não elimina a sensibilidade da conversa, mas dá suporte e respaldo para que líderes atuem com coragem e consistência.
Letramento emocional e cultura organizacional
Para transformar o ambiente de trabalho, é necessário desenvolver letramento emocional — a capacidade de reconhecer, compreender e lidar com as próprias emoções e as dos outros. Isso implica rever uma cultura que, muitas vezes, enxerga sofrimento apenas como doença, e não como parte natural da experiência humana.
Antes de iniciar uma conversa difícil, três perguntas ajudam na preparação:
1. O que me gatilha?
2. O que no conteúdo me machuca ou me faz interromper a fala?
3. É a forma como o outro se comunica que me impacta negativamente?
Concluindo
Não adoecemos apenas por perdas ou mudanças, mas principalmente pela ausência de espaços para falar sobre elas. O silêncio pode ser uma escolha estratégica em certos momentos, mas não deve ser a única resposta. Liderar é, em grande parte, criar pontes de diálogo e a governança é o alicerce que garante que essas pontes sejam seguras, sustentáveis e humanas. Conversas difíceis são inevitáveis, mas quando conduzidas com empatia, preparo e respaldo institucional, tornam-se oportunidades de crescimento, conexão e fortalecimento da cultura organizacional.
Karina Pincelli Izzo, do Comitê Culturae Pessoas(com referência a palestra realizada pelapsicóloga Maria Clarck)
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A maioria das vagas de conselheiros é preenchida através de networking.
Na ACBrasil você pode criar e fortalecer contatos e parcerias.
Fale com a gente: contato@acbrasil.org.br
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Economia & Negócios
Marcelo Fonseca, associado da ACBrasil
Para onde vai a taxa de câmbio?
A pergunta não tem resposta a despeito do fato de que economistas costumam estimar a taxa de câmbio esperada, sendo quenesse quesito são consistentes em nunca acertar. Vale então iniciar analisando o regime cambial adotado no Brasil. Em 1999 adotamos o regime de câmbio flutuante, juntamente com o sistema de metas de inflação, que juntamente com a geração de superávits primários comporiam o tripé macroeconômico. No sistema de câmbio flutuante a taxa de câmbio seria determinada pela oferta a procura no mercado, entretanto a flutuação é na verdade dita “suja” pois o Banco Central pratica intervenções sempre que observa movimentos anormais na cotação do Real frente ao Dólar. Mesmo que não houvesse qualquer intervenção prever a taxa de câmbio demandaria um grau de acerto em relação as entradas e saídas de divisas através da conta de capital e de transações correntes, que compõem o balanço de pagamentos, que ninguém tem condições de estimar minimamente.
Não precisa ser um voo no escuro
No momento que esse artigo é escrito a cotação do Dólar está em R$5,40. Nos últimos dias o Real se apreciou em um movimento que reflete a expectativa de queda da taxa de juros nos Estados Unidos com movimento de baixa já esperado para a reunião de setembro do Federal Reserve. Por aqui o cenário da SELIC é diferente. O Banco Central tem demonstrado em seus comunicados que a taxa de juros ficará no campo restritivo por “bastante” tempo. Por esse motivo o diferencial entre as taxas de juros norte-americanas em relação a brasileira aumentará, o que tende a atrair capital especulativo, com consequente apreciação da taxa de câmbio. Espera-se então que por alguns meses esse diferencial de taxas possa beneficiar o câmbio e que possa atenuar os efeitos que o tarifaço possa trazer sobre as exportações (ingresso de divisas).
Em 2026 as variáveis serão outras
O ciclo eleitoral trará à tona questões relacionadas ao déficit fiscal crônico do governo. O arcabouço fiscal que aos trancos e barrancos não se sustenta pois mal consegue entregar o mínimo prometido tendo que fazer uso criativo do IOF para tentar fechar a conta. A má vontade com as contas públicas é notória, ninguém em Brasília esconde isso. Ocorre que em 2026 o partido no poder fará tudo que for possível para melhorar sua popularidade, seja distribuindo recursos via programas de transferência, ou quaisquer gastos que possam trazer alguma sensação de crescimento, mesmo que insustentável. É nesse contexto que o Real poderá se desvalorizar, revertendo eventuais ganhos frente ao Dólar.
A “previsão”, portanto, é de que a taxa de câmbio durante os meses restantes de 2025 ficará estável, podendo se apreciar, e que em 2026 fique pressionada pelo ciclo eleitoral.
Podem me cobrar, tenho certeza de que não acertarei.
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Iniciativas
Participe do II Fórum ACBrasil
Será na próxima quinta-feira, dia 21, o II Fórum Nacional da ACBrasil, nas dependências do Instituto Mackenzie,em São Paulo (rua da Consolação 930). Os painéis já estão definidos:
– Governança pós-M&A, com Márcio Waldman, presidente da ACBrasil; e George Bonfim
– Governança no Setor de Óleo e Gás, com Sérgio Araújoe José Lima de Andrade Neto
– Sucessão em Empresas Familiares, com Rogério Medeiros
– Economia Circular e para líderes e conselheiros, com Leandro Farah(Fiosgood), Beatriz Luz (Ibec) e Kátia Silva (Ideal Work)
– Diversidade em conselho, comAdriana Chaves eFelícia Hauach
Veja aqui a programação completa:
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Após as apresentações, haverá um happy hour, incentivando o networking. Os organizadores preveem a participação de pelo menos 250 pessoas. O encontro acontecerá a partir 17h30 na Generale Via Castelli (rua Martinico Prado 341, em Higienópolis). O valor é de R$ 100 e inclui vallet gratuito, entrada, antepastos, rodízio de pizza, bebidas não alcoólicas e vinho da casa.
No evento também acontecerá o lançamento de um livro colaborativo, elaborado por 14 membros da ACBrasil.
Vagas em Conselhos
Contatos estabelecidos pelos comitês da ACBrasil com PMEs estão gerando os primeiros resultados – vagas em Conselhos Consultivos. Para quem ainda não é associado, fica a dica: una-se à ACBrasil e pratique a governança nas vagas oferecidas por seus parceiros.
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Dicas de leitura
Empresas familiares: seus conflitos clássicos e como lidar com eles
O livro revela as origens, a extensão e a resolução de algumas de conhecidos conflitos familiares no âmbito corporativo. Ao abordar as lutas pelo poder nos conselhos de administração, as batalhas pela sucessão e as consequências – boas e más – do nepotismo, a obra oferece sugestões práticas para a contenção e a resolução de problemas semelhantes.
Empresas familiares: seus conflitos clássicos e como lidar com eles, de Grant Gordon e Nigel Nicholson. DIsal Editora, 2019,328 páginas.
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Datas
26 de agosto– Dia Internacional da Igualdade Feminina
A data foi instituída pelo Congresso dos Estados Unidos em 1973, em homenagem à aprovação da 19ª emenda à Constituição Americana, que garantiu o direito ao voto às mulheres. O objetivo do dia é celebrar as conquistas das mulheres e promover a reflexão e ações para alcançar a igualdade de gênero.
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ACBrasil
Pela integridade na governança
A Associação de Conselheiros do Brasil (ACBrasil) tem por finalidade promover, fortalecer, congregar e representar profissionais que atuam como conselheiros em organizações públicas e privadas, com e sem fins lucrativos, tendo como meta implantar princípios e práticas de Governança Corporativa, em prol do desenvolvimento sustentável, considerando os negócios como catalisadores das mudanças necessárias e gerando impacto positivo sobre a sociedade.