Um recente artigo do Financial Times destaca o consumo de água das Big Techs para resfriar seus datacenters, devido aos computadores utilizados em serviços de inteligência artificial (IA). Essas empresas aumentaram substancialmente o uso de energia e água a fim de resfriar os datacenters, levantando preocupações sobre os impactos ambientais do boom da IA.
Durante quase uma década, a Digiconomist tem estado na vanguarda da exposição destas repercussões, dissecando meticulosamente os desafios de sustentabilidade colocados por novas tecnologias. Porém, com o passar dos anos, um novo protagonista surgiu no palco da evolução tecnológica: a inteligência artificial.
O discurso em torno da IA tem destacado seu potencial não apenas para revolucionar indústrias, como também para agilizar processos e melhorar as experiências dos usuários. No entanto, no meio dos benefícios da inovação, uma preocupação crítica tem surgido silenciosamente. Trata-se do enorme consumo de energia e água associado à criação e à execução de grandes modelos de IA.
Uma pesquisa recente da Digiconomist, resumida em seu relatório “A crescente pegada energética da inteligência artificial”, destaca uma trajetória preocupante. Os computadores de IA, caracterizados pela sua grande necessidade de processamento, passam a se tornar grandes consumidores de energia elétrica. Além disso, trazem à tona o dilema custo x benefício.
Afinal, pode-se comparar um único servidor NVIDIA DGX A100 com o consumo de eletricidade de vários lares dos EUA. Esse fato serve como um lembrete da magnitude das demandas energéticas da IA.
Inovação com responsabilidade
No meio destas preocupações, existem boas notícias. Inovações na arquitetura de modelos de IA, exemplificadas por modelos menores e com maior eficiência energética – como, por exemplo, o Mistral 7B e o Llama 2 da Meta – sugerem uma potencial mudança de paradigma. De acordo com alguns especialistas, nem todas as tarefas necessitam de modelos gigantescos de IA. Isso destaca a importância de se combinar a capacidade tecnológica com a utilidade prática.
À medida que navegamos no terreno complexo da ascensão da IA, deve ser alcançado um equilíbrio delicado entre inovação e responsabilidade. O fascínio pelos avanços tecnológicos deve ser equilibrado com uma consciência das suas repercussões ambientais.
Na busca pelo progresso, a sustentabilidade deve ser uma pedra angular inabalável, guiando a nossa jornada rumo a um futuro em que a inovação prospere sem comprometer o bem-estar do nosso planeta.
“Os fins não podem justificar os meios, tendo em vista que os meios empregados determinam a natureza dos fins a serem conquistados.”
Aldous Huxley
Texto adaptado da edição de 22 de março de 2024 da nossa newsletter semanal. Inscreva-se para acessar em primeira mão.