Newsletter – ACBrasil – Nº 99–20 de junho de 2025
Um clipping sobre as iniciativas da ACBrasil e temas relevantes para a governança corporativa
Estudo revela valorização da governança sustentável
O estudo Tendências de Governança Corporativa 2025 revela que 64% das empresas em todo o mundo estão colocando a diversidade, equidade e inclusão como prioridade central em suas estratégias de governança. A pesquisa é realizada anualmente pela Russell Reynolds, referência global em consultoria de liderança, e aponta que as organizações estão cada vez mais focadas em sustentabilidade e ética, além de dar maior importância à transparência e à responsabilidade dos conselhos. No Brasil, as empresas destacam a governança sustentável como uma das ferramentas de crescimento. Uma reportagem sobre o levantamento pode ser encontrada aqui:
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Opinião
Coragem para transformar
Isa Degaspari, associada da ACBrasil
O estudo da Russell Reynolds traz um recado inequívoco: os Conselhos de Administração são chamados a assumir um papel mais estratégico, diverso e profundamente conectado ao impacto real das decisões empresariais. Temas como ética, diversidade, sustentabilidade e responsabilidade social deixaram de ser tendências para se tornarem pré-requisitos essenciais à longevidade e à competitividade das organizações.
No Brasil, observa-se uma aceleração desse movimento, especialmente entre empresas familiares que buscam modernizar seus conselhos e alinhar suas práticas às expectativas globais. Contudo, o desafio permanece: transformar o discurso ESG em prática efetiva. A diversidade, por exemplo, precisa estar presente não apenas nos relatórios, mas nas decisões, nos espaços de poder e na cultura organizacional, promovendo inovação e representatividade genuína.
A governança sustentável demanda coragem para transformar estruturas consolidadas, incorporar diferentes perspectivas e alinhar a estratégia corporativa a impactos de longo prazo, com compromisso genuíno e ética inabalável. Essa transformação exige também atenção ao vínculo de longo prazo dos conselheiros com a empresa, fator crucial para assegurar decisões alinhadas ao propósito, missão e valores organizacionais, conforme ressaltado por especialistas do setor.
Outro ponto fundamental é a necessidade de comunicação transparente e da integração entre tecnologia, cultura e sustentabilidade, desafios que exigem atenção constante dos conselhos, especialmente diante das rápidas transformações globais e das novas demandas da sociedade e do mercado.
Embora as empresas familiares brasileiras estejam iniciando esse movimento, o desafio permanece grande para que a diversidade e a responsabilidade social deixem de ser apenas formalidades e se traduzam em práticas concretas que promovam inovação e sustentabilidade.
Diante desse cenário, cabe a reflexão: seu conselho está preparado para liderar essa nova era, promovendo diversidade real, inovação e responsabilidade? Ou ainda atua de forma reativa, homogênea e desconectada das profundas transformações que o mercado e a sociedade exigem?
Governança sustentável não se resume a discursos ou relatórios, mas se revela nas decisões, nas pessoas e na cultura que orientam o futuro das organizações.
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As opiniões dos articulistas não refletem, necessariamente,
a posição da ACBrasil a respeito dos temas abordados.
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Startups &Scaleups
Startups: governança para atração de investidores e crescimento nos primeiros anos
Cristian Marques da Silva, do Comitê de Startups
Recursos são fundamentais para qualquer tipo de negócio, e sempre estão em pauta, nas mais diversas estratégias, sejam eles por quaisquer tipos de empresas.
Quando abordamos esta captação para a aplicação entre empresas tradicionais e startups, devemos considerar os seguintes pontos:
1.Natureza do negócio
2.Fontes de financiamento
Empresas tradicionais, em sua maioria, buscam financiamento para manter as operações, expandir o negócio OU investir em novas tecnologias, principalmente com empréstimos bancários, crédito e investimentos de capital próprio.
Startups, por outro lado, focam em inovação e crescimento rápido, buscando investidores-anjos, capital semente, aceleradoras e rodadas de investimento para financiar o desenvolvimento de produtos, validação de mercado e expansão.
Vale considerar:
Empresas tradicionais
1.Fontes de financiamento: empréstimos bancários, linhas de crédito, financiamento de bancos de desenvolvimento, investidores tradicionais, financiamento público (em alguns casos), e recursos próprios.
2.Objetivo: financiamento para operações contínuas, expansão de mercado, modernização de equipamentos, e desenvolvimento de novos produtos.
3.Abordagem: geralmente, a empresa já possui um modelo de negócio estabelecido e busca recursos para otimizar ou expandir suas atividades.
4.Risco: o risco é considerado menor, pois a empresa já possui um histórico de operações e um mercado definido.
Startups
1.Fontes de financiamento: Investidores-anjos, aceleradoras, capital semente, venture capital, crowdfunding, programas de incentivo do governo e rodadas de investimento.
2.Objetivo: financiamento para desenvolvimento de produtos, validação do modelo de negócio, expansão para novos mercados, e busca por tração (crescimento rápido e escalável).
3.Abordagem: a startup busca validar sua ideia e modelo de negócio, muitas vezes com um produto ou serviço inovador e busca investidores que acreditem em seu potencial de crescimento.
4.Risco: o risco é considerado maior, pois a startup está em uma fase inicial de desenvolvimento e pode enfrentar desafios como a validação do produto, a adaptação do mercado e a concorrência.
Em resumo: empresas tradicionais buscam financiamento para manter e expandir um negócio já estabelecido, enquanto startups buscam investimentos para validar suas ideias e acelerar seu crescimento em um mercado potencialmente disruptivo. Vale observar, que o risco tomado em investir em uma startupé maior, porém o prêmio também, porque elas -normalmente- são feitas para serem vendidas. Os dividendos de um investimento na startup se dão de acordo com o êxito do projeto. Mas esse é um outro assunto a ser explorado.
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A maioria das vagas de conselheiros é preenchida através de networking.
Na ACBrasil você pode criar e fortalecer contatos e parcerias.
Fale com a gente: [email protected]
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Economia & negócios
Marcelo Fonseca, associado da ACBrasil
Pacote do IOF é sintoma de problema sério do país
Em maio o governo federal publicou decreto contemplando diversas alterações sobre as operações do IOF (Imposto sobre operações financeiras), aumentando alíquotas e incluindo novas operações na base de cálculo do imposto. O IOF é um imposto criado com o intuito de regular a atividade econômica, não tendo, portanto, função arrecadatória. Essa é a teoria. Na prática o IOF se soma as demais contribuições, taxas, impostos, que são cobrados pelos municípios, estados e governo federal. Essa miríade de obrigações a serem pagas se soma às obrigações acessórias que devem obrigatoriamente serem submetidas aos entes federativos. E mesmo com a carga tributária altíssima não há dinheiro que dê conta das despesas públicas. O novo arcabouço fiscal (chamado de Regime Fiscal Sustentável!), não decolou, e não por falta de aviso. O “puxadinho” do pacote do IOF nada mais é (ou foi) a constatação de que não há planejamento fiscal de curto prazo (médio e longo seria pedir muito), o que nos leva a concluir que o aumento da carga tributária será constante e que a criatividade na forma de arrecadação não terá limites.
O déficit de hoje é o imposto de hoje
O governo Lula III já iniciou aprovando a PEC da transição que autorizava que gastos no montante de R$145 bilhões ficassem de fora do teto de gastos, sinalizando ali que não haveria compromisso com a equilíbrio fiscal. A crença de que déficits estimulam o crescimento econômico é antiga, entretanto a estratégia não se aplica de forma geral, como já percebemos quando observamos o crescimento pífio da economia. A única certeza que temos é de que o déficit aumentará, pressionando as taxas de juros que remuneram a dívida pública. Como vemos, para financiar o déficit público o governo aumenta a carga tributária. Ao final do dia a sociedade tem de enfrentar juros maiores e mais impostos. A discussão de redução de gastos, privilégios etc. está descartada; é como se a sociedade não pudesse discutir esse assunto.
Uma tragédia econômica.
Entender essa dinâmica é uma vantagem estratégica
O pacote do IOF foi rechaçado por diversos setores produtivos e pelo Congresso, mas isso não quer dizer que tudo ficará como está. Após negociações o Ministério da Fazenda propôs um pacote alternativo como forma de obter as receitas necessárias para tentar entregar as metas mínimas estabelecidas pelo arcabouço fiscal. Agora a sanha tributária recairá sobre aplicações financeiras em títulos que eram isentos, sobre as BETS, sobre os juros sobre capital próprio, previdência, cartão de débito e crédito…e muito mais. A conferir como estas medidas serão recebidas no legislativo.
Importa que pessoas que tenham negócios e as que queiram empreender entendam que essa dinâmica tende a piorar. As taxas de juros dos empréstimos e financiamentos seguirão pressionadas enquanto a agenda da política econômica continuar descartando as alternativas que viabilizem a redução das despesas públicas e também a melhoria da qualidade dos gastos do governo. Sim! Esse é o grande desafio do Brasil. Não só equilibrar as contas, mas também criar mecanismos que garantam a alocação eficiente de recursos (como extinguir o orçamento secreto?).
A análise do comportamento e relação entre variáveis econômicas é um excelente instrumento para quem toma decisões. Antecipar cenários pode fazer toda a diferença entre o sucesso e o insucesso de um empreendimento.
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Negócios em família
Desafios na escolha do sucessor ideal
O momento de iniciar a sucessão em uma empresa familiar costuma ser delicado e, muitas vezes, adiado por receio de conflitos ou por falta de um plano claro. Um dos dilemas mais comuns surge quando há um herdeiro natural, mas ele não deseja seguir no negócio da família. Nesses casos, é importante reconhecer que a continuidade da empresa não depende apenas do laço sanguíneo, mas da vontade. A venda da empresa ou sua profissionalização, com a contratação de executivos do mercado, pode ser a solução mais madura e estratégica — garantindo a preservação do patrimônio e da cultura familiar.
Em outras famílias, o cenário é o oposto: há muitos possíveis sucessores e o risco está na disputa ou na expectativa de ascensão rápida. Para lidar com isso, é fundamental estabelecer regras claras e objetivas — o chamado protocolo familiar. Ele define, por exemplo, a idade mínima, formação, experiências externas e competências exigidas para ingressar na empresa. Além disso, é preciso deixar claro que o caminho até cargos de liderança deve ser percorrido passo a passo, com base em mérito, resultados e avaliação contínua.
A presença de um mediador externo e de um conselho consultivo ou de administração ajuda a garantir a isenção nas decisões, acalma tensões e traz visão estratégica ao processo. A sucessão bem-sucedida não é aquela que apenas transfere o comando, mas sim a que garante a longevidade da empresa, respeitando os sonhos individuais e a saúde das relações familiares.
Ligia Yokomizo, head do comitê de empresas familiares
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Cultura & Pessoas
Desenvolvimento de pessoas no contexto da Inteligência Artificial: desafios e oportunidades
Nos últimos anos, o cenário educacional brasileiro, evidenciado pelos resultados do IDEB e do ENEM, aquém do esperado, tem despertado preocupações em relação ao desempenho dos jovens que ingressam no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, a crescente pressão pela utilização da Inteligência Artificial (IA) nas mais diversas áreas promete transformar a forma como trabalhamos e tomamos decisões. No entanto, é essencial que olhemos para essa integração com cautela, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento das competências dos jovens profissionais.
A IA, com sua capacidade de processar dados e oferecer soluções rápidas, pode ser uma ferramenta valiosa. Contudo, jovens que entram no mercado de trabalho muitas vezes carecem de um conhecimento profundo sobre como validar as informações geradas por essas tecnologias. A dependência excessiva da IA, sem um entendimento crítico de suas funcionalidades e limitações, pode levar a decisões baseadas em dados imprecisos ou mal interpretados.
É importante ressaltar que o desempenho no IDEB e no ENEM reflete não apenas a qualidade do ensino, mas também a preparação dos estudantes para enfrentar desafios complexos na vida profissional. A educação deve ir além do aprendizado de conteúdos; deve promover a capacidade de análise crítica, resolução de problemas e tomada de decisões fundamentadas. Sem essas habilidades, os jovens podem se tornar vulneráveis a influências externas, como as geradas pela IA, que, embora poderosa, não substitui o julgamento humano.
Os riscos associados a decisões tomadas sem a devida comprovação dos fatos são significativos. Um jovem que confia plenamente nas recomendações de uma IA sem questionar pode, por exemplo, aplicar soluções inadequadas a problemas complexos. Isso pode resultar em falhas na execução de tarefas, perda de credibilidade profissional e, em última análise, impactar negativamente a carreira.
Portanto, é fundamental que as empresas, especialmente aquelas que têm um papel ativo no desenvolvimento de pessoas, promovam uma cultura de aprendizado contínuo. Isso envolve não apenas a familiarização com ferramentas de IA, mas também o fortalecimento de competências como pensamento crítico, ética e responsabilidade no uso das tecnologias. Programas de capacitação que enfatizem a validação de informações e a análise crítica devem ser priorizados, garantindo que os jovens profissionais sejam capazes de integrar a IA em suas atividades de forma consciente e responsável.
Além disso, é essencial estabelecer um diálogo aberto sobre os desafios e as oportunidades que a IA apresenta. As organizações devem encorajar os jovens a questionar e explorar, criando um ambiente que valorize a curiosidade e o aprendizado. Essa abordagem não só aprimora as habilidades individuais, mas também contribui para um mercado de trabalho mais robusto e preparado para as demandas do futuro.
Por fim, a interseção entre o desempenho educacional dos jovens e a ascensão da IA traz à tona questões críticas sobre como podemos preparar a nova geração para um mercado de trabalho em constante evolução. É nosso dever, como gestores e profissionais de RH, assegurar que o desenvolvimento de pessoas seja orientado por uma educação que valorize a análise crítica e a validação das informações. Dessa forma, podemos não apenas mitigar riscos, mas também potencializar oportunidades, preparando-os para um futuro no qual a IA e a inteligência humana coexistam de maneira harmoniosa e produtiva.
Ronaldo Barbosa, doComitê de Cultura e Pessoas
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27 de junho
Dia das micro, pequenas e médias empresas
A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para reconhecer a importância econômica e social desses negócios. As MPMEs são responsáveis por uma parcela significativa da geração de empregos e renda em todo o mundo, especialmente em países em desenvolvimento. No Brasil, as micro e pequenas empresas são as principais geradoras de riqueza no Comércio no Brasil, já que respondem por 53,4% do PIB deste setor. No PIB da Indústria, a participação das micro e pequenas (22,5%) já se aproxima das médias empresas (24,5%). E no setor de Serviços, mais de um terço da produção nacional (36,3%) têm origem nos pequenos negócios.
A ACBrasil congratula-se com todos os empreendedores das MPMEs, especialmente no âmbito da difusão da boa governança.
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Iniciativas
II Fórum ACBrasil
O II Fórum Nacional da ACBrasil acontecerá dia 21 de agosto, nas dependências do Instituto Mackenzie,em São Paulo, e restam poucas cotas de patrocínio. Os interessados (PF e PJ) devem entrar em contato com Isa Degaspari, diretora de parceria e captação de patrocínios: [email protected]
Inscrições para a Formação de Conselheiros ACBrasil-Mackenzie
Restam poucas vagas para o mais moderno curso de formação de conselheiros do país, resultado da parceria entre ACBrasil e a Universidade Mackenzie. O curso -de apenas 42 horas- começará dia 25 de julhoe vai até 30 de agosto (aulas: sextas-feiras à noite e sábados, pela manhã, permitindo que executivos de todo o país participem). O corpo docente (practitioners) vai trabalhar com os conteúdos mais relevantes e recentes no mundo da governança. No encerramento do curso haverá uma boardcase-simulação de uma reunião de conselho- valorizando a experiência de um conselheiro e demonstrando -na prática- todo o conteúdo do curso.
Vagas em Conselhos
Contatos estabelecidos pelos comitês da ACBrasil com PMEs estão gerando os primeiros resultados – vagas em Conselhos Consultivos. Para quem ainda não é associado, fica a dica: una-se à ACBrasil e pratique a governança nas vagas oferecidas por seus parceiros.
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Dicas de leitura
O mito do empreendedor
O livro traz métodos eficazes para que você se prepare melhor, mantenha uma atitude positiva e eleve sua produtividade. Uma verdadeira fonte de conhecimentos indispensáveis para quem está disposto a encarar o desafio de criar o próprio negócio e transformar uma boa ideia em um empreendimento bem-sucedido.

O mito do empreendedor, de Michael Gerber. Editora Fundamento (2025), 256 páginas.
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Datas
Dia 7/07 – Dia Mundial da Segurança dos Alimentos
Essa data, instituída pela ONU, visa conscientizar sobre a importância de garantir que os alimentos sejam seguros e não causem riscos à saúde.Campanha que visa alertar a população para a prevenção e detecção de riscos, bem como atenção aos cuidados na higienização e conservação dos alimentos.
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ACBrasil
Pela integridade na governança
A Associação de Conselheiros do Brasil (ACBrasil) tem por finalidade promover, fortalecer, congregar e representar profissionais que atuam como conselheiros em organizações públicas e privadas, com e sem fins lucrativos, tendo como meta implantar princípios e práticas de Governança Corporativa, em prol do desenvolvimento sustentável, considerando os negócios como catalisadores das mudanças necessárias e gerando impacto positivo sobre a sociedade.