Nós, os que há vários anos militam na área de governança corporativa, frequentemente nos deparamos com o termo “nose in, fingers off”. O sentido dele, em resumo, é o de que, apesar de os conselheiros saberem e poderem fazer algo, em termos operacionais — até porque muitos são oriundos da operação de empresas, seja como diretores, consultores ou mesmo sócios —, não o devem fazer.
Isso porque poderiam anular ou até mesmo rechaçar as tarefas eminentemente destinadas à gestão (diretoria e alta gerência). Daí, o fingers off (não meta a mão onde não for chamado, deixando para a alta gestão o trabalho de execução).
A tônica, aqui, é a de que o conselho deve dar o tom, ou, em outras palavras, a direção, enquanto a execução cabe à diretoria. Claro está que esses são tempos pretéritos, em que a divisão de tarefas — quem desenha x quem executa; quem pensa x quem põe a mão — era cristalina. Era!
Atualmente, no cenário pós-pandemia, as relações estão mais fluidas, isto é, não tão cristalinas ou assinadas com sangue, na pedra. A “divisão” entre a estratégia e a operação — ou seja, entre quem aspira e quem executa — já não é tão segura ou tão rígida como o era num passado muito recente.
‘Nose in, fingers off’: da afirmação ao questionamento
Hoje o que importa é o saber trabalhar junto, para alcançar os melhores resultados para a organização. Ainda vale aquela máxima de que o executivo entende DO negócio (referindo-se especificamente à empresa onde ele trabalha), enquanto basta aos conselheiros entenderem DE negócios (expressão mais genérica e aplicável a várias situações, em diferentes níveis).
Cabe lembrar, também, que cada organização é única, seja em seu estágio de maturação, na sua estrutura ou até mesmo na sua cultura. Portanto, o que é tarefa de conselho numa organização poderia ser trabalho conjunto (conselho + diretoria) em outra e de diretoria numa terceira, ainda que todas fossem do mesmo ramo e até do mesmo tamanho. Basta uma diferença — por exemplo, que uma seja familiar, e as demais, multinacionais ou estatais — para que as coisas mudem radicalmente.
Então, para não errar, vamos combinar assim — em vez de uma afirmação:
Nose in, finger off.
Mudemos para uma pergunta:
Nose in, fingers off?
E qualquer que seja a resposta, uma coisa é certa: ela vai mudar… Sempre muda!
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