Será o fim do ESG? Como protegeremos o planeta em que habitamos?

Será o fim do ESG? Como protegeremos o planeta em que habitamos?

CONTEXTO: Em março, o jornal Valor Econômico noticiou que a gestora de recursos BlackRock, uma das grandes responsáveis por tornar o termo ESG valorizado entre investidores do mundo todo, havia anunciado mudanças quanto à adoção de conceitos ligados à sigla – o termo passaria a ser tratado como “investimentos de transição”. O anúncio soou como um recuo, que pode ter consequências na política de preservação e sustentabilidade das empresas.

Ao mesmo tempo que estamos vendo movimentos para o fim do ESG (sigla em inglês para Environment, Social and Governance; em português, há o acrônimo ASG: Ambiente, Social e Governança) – que estabelece o caminho para a preservação da vida –, encontramos, também, projetos de descarbonização da economia brasileira, por meio de um Plano de Transformação Ecológica do governo Lula, juntamente com a FGV. Esse plano, que visa impulsionar o crescimento econômico do país, contém mais de 100 ações para serem implementadas até o fim do governo atual.

O que ambos têm em comum? Não só a preservação da vida no planeta, como também a prosperidade da sociedade, do modo mais ambientalmente e socialmente sustentável.

Diante de todos esses esforços, acompanhamos, também, o desaparecimento dos caminhos criados para qualquer tipo de melhoria, seja em gestão de processos industriais, preservação da vida ou perpetuação dos negócios, que tendem, por si mesmos, a perder força ao longo do árduo percurso de implantação e implementação da metodologia criada.

Alguém se lembra do REACH – em português: Registro, Avaliação, Autorização e Restrição de Substâncias Químicas, de 2007? Esse regulamento da União Europeia consiste na proteção da saúde humana, bem como do meio ambiente, face aos riscos que podem resultar dos produtos químicos. Sacudiu muita gente na época aqui no Brasil.

ESG: blindagem para a solução de problemas sem passivos?

Muito se faz na construção de políticas para a proteção da vida. No entanto, há muitas dificuldades para a perpetuidade desses regulamentos e normas, até que caiam no total descrédito ou na falta de convencimento para sua adoção.

Muitos são compromissados com as causas ambientais, mas que caminhos seguem quando esbarram em questões políticas e negócios, num mundo não tão preocupado com as condições ecológicas? Como continuar atendendo às questões ambientais e tornar o negócio rentável e de longo prazo dessa forma?

Nesse momento, esbarrarmos com o greenwashing, que consiste na criação de um “mundo verde”, mas somente no papel. Isso dói muito. Do lado de investidores, gestores e bancos, fica a questão de quem vai ajudar a pagar a conta para a obtenção dessas práticas de forma rotineira e arraigada na gestão organizacional.

Alguns já dizem que o ESG transformou-se em uma blindagem para a solução de problemas sem passivos. Será que a civilização perderá mais esse trem? Vamos nos transformar em filmes de ficção sobre civilizações perdidas sem água e sem alimentos, assim como já vimos em telas de cinema e TV?

Cabe aqui uma contemplação e reflexão sobre como estamos transformando nossas vidas e nosso planeta e criando condições para as futuras gerações.

Texto adaptado da edição de 8 de março de 2024 da nossa newsletter semanal. Inscreva-se para acessar em primeira mão.

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Claudia Leite Ferreira
Claudia Leite Ferreira
Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com MBA em Logística Empresarial e mestrado em Gestão de Negócios pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Universidade Católica de Lisboa e Darla Moore Scholl, na Carolina do Sul (EUA). É executiva em Supply Chain, tendo exercido, nos últimos 25 anos, cargos de comando e gestão na área de logística e no agronegócio brasileiro da soja e do milho. Seus temas de interesse incluem a internacionalização, a logística e a diversidade.

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